Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
27 de Abril de 2024
    Adicione tópicos

    Revista Isto É Dinheiro mostra Suape como grande pólo industrial

    há 15 anos

    Muito mais que um porto

    Suape terá estaleiros uma grande refinaria da Petrobras e deve se consolidar como novo pólo industrial

    A 35 quilômetros de Recife, entre Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, o governo de Pernambuco encontrou sua galinha dos ovos de ouro. O Complexo Industrial Portuário de Suape ocupa uma área de 13,5 mil hectares, que salta aos olhos da população, atrai investimentos nacionais e estrangeiros e se tornou garantia certa de arrecadação nas próximas décadas. O pólo vive seu melhor momento, com uma carteira de US$ 15 bilhões de investimentos, 96 grandes empresas, dez empreendimentos em implantação e mais US$ 10 bilhões em novos negócios acertados até 2010. Suape se tornou um lugar de hipérboles. O Porto de Suape quer quintuplicar sua movimentação até 2010, quando deve chegar a milhões de toneladas de mercadorias por ano. É também no Complexo que estão o Estaleiro Atlântico Sul, o maior da América Latina, e a Refinaria General Abreu e Lima, um dos maiores projetos em obras na área de petroquímica. Ao todo, foram criados 47,7 mil empregos na construção, 12,5 mil na operação e mais de 200 mil indiretos. "O maior canteiro de obras do Brasil é Suape", comemora o governador Eduardo Campos. "Queremos agora atrair investimentos que contribuam com as cadeias produtivas já existentes em Pernambuco", diz ele.

    Há oportunidades em inúmeras áreas, mas especialmente nos segmentos de petróleo, gás e indústria naval. O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), por exemplo, tem US$ 2,98 bilhões na carteira, que inclui a construção de dez petroleiros Suezmax e cinco Afromax, encomendados pela Transpetro, dois superpetroleiros do tipo VLCC (very large crude carrier) para a Noroil Companhia de Navegação e o casco da P-55, da Petrobras. Desde setembro, 1,4 mil funcionários cortam chapas de aço para a construção do primeiro Suezmax, que será entregue em abril de 2010, e do casco da plataforma. Curioso é que o estaleiro é construído ao mesmo tempo que se constrói o navio. Há momentos em que o trânsito de material é tão intenso que praticamente obstrui toda a BR 101, na altura do município do Cabo. "É um megadesafio construir um estaleiro e em paralelo um navio", diz Ângelo Bellelis, presidente do EAS. "Mas, ao final, vamos integrar a quarta geração tecnológica da indústria naval, a mesma dos mais modernos do mundo, e teremos gerado cinco mil empregos."

    A refinaria é tão vultosa quanto o estaleiro. Fruto de uma parceria entre a Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA, anunciada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez ainda em 2005, ela vai processar essencialmente petróleo pesado. Ainda está em negociação entre os dois países um acordo para que a Venezuela forneça metade do petróleo como forma de equilibrar a balança comercial, atualmente superavitária para o Brasil. Mas, como o acordo ainda não saiu, a Petrobras iniciou as obras sozinha. Prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2010, a refinaria vai garantir outro salto nos indicadores econômicos de Pernambuco, devido à capacidade de processar até 300 mil barris por dia e de atrair outras empresas dentro da cadeia produtiva. "É o grande colchão para Pernambuco enfrentar a crise. O nosso PIB vai crescer 7,2% neste ano" , diz o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente de Suape, Fernando Bezerra. "Em 2009 não cresceremos menos do que 5%. A partir daí, com o volume de petróleo que vai entrar, Pernambuco terá consolidado seu crescimento sustentável."

    Além disso, o Porto de Suape começa a assumir a posição de hub port, com cargas que chegam da Argentina, do Uruguai e de outros países da região, de onde são reexportadas para Estados Unidos e Europa. Com a conclusão das obras do segundo terminal de contêineres, Suape terá condições de fazer um volume muito maior de transbordo, a conexão entre cargas que chegam e saem, e atender ao mercado asiático, com foco na China e no Japão. "Com o alargamento do canal do Panamá nós vamos ter aqui rotas comerciais passando por Suape, que vão incrementar e muito as cargas de transbordo", diz Bezerra.

    A oferta de terreno em uma região tão estratégica levou empresas como Bunge, Campari e GM e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe) a se instalarem rapidamente no Complexo de Suape. E, apesar da crise, outras empresas estão mantendo seus investimentos, como o grupo espanhol Gonvarri, fabricante de torres para a geração eólica, que acabou de assinar o contrato de compra de um terreno. No momento, a direção de Suape negocia terminais de açúcar, grãos, minérios, regaseificação, um centro de distribuição de peças, unidade de produção de tintas marítimas e industriais, processadora de celulose, plantas de gases, moinho de trigo, unidade de construção de guindastes e uma siderúrgica. Há tantas obras na área de Suape que as licitações dos cais de 6 a 8 foram adiadas para julho de 2009, porque não há logística para suportar um volume maior de caminhões.

    Esse interesse crescente levou o governo a lançar em 19 de dezembro o programa Suape Global. Segundo o CEO da empresa Suape e diretor de Novos Negócios, Sidnei Aires, a idéia é criar em Pernambuco um centro petroleiro, como Houston é para os Estados Unidos, uma grande indústria naval como tem a Noruega, e um pólo de gás, nos moldes de Canadá e Venezuela. "Temos o estaleiro, a refinaria, o porto e estamos revisando o plano diretor local, ampliando a área de influência de Suape para municípios de Ribeirão e Sirinhaém", explica Aires, para quem o ambicioso plano é perfeitamente viável. Com a ampliação, a área de Suape passará de cinco para sete municípios. Para suportar esse crescimento, o governo estima que será gasto R$ 1 bilhão no setor de transporte e na adequação do sistema viário. "Mas todo o impacto ambiental é medido. Em Suape, 45% do espaço está em área de proteção ambiental. É um cinturão verde que nos protege do avanço da cidade" , garante Ricardo Padilha, diretor de Engenharia e Meio Ambiente. "E separa a população das indústrias."

    • Publicações897
    • Seguidores4
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações104
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/revista-isto-e-dinheiro-mostra-suape-como-grande-polo-industrial/488179

    0 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)